Sou formada em psicologia há dez anos, porém cada vez mais me dou conta de
como estamos em constante evolução.
Dito isto vejo a sociedade em conjunto com os aspectos do nosso mundo interior e
psíquico. O ser humano sempre buscou progredir, evoluir, descobrir; somos curiosos em
nossa natureza.
Porém o entendimento nem sempre vem da razão, mas do sentir e das experiências
que temos. A espiritualidade, independente de crença, busca trazer sentido ao Ser.
A própria ciência tinha base na espiritualidade como na alquimia, por exemplo.
A espiritualidade como expressão humana também é uma busca de entendimento,
mas através das crenças e sensações, vivências. É uma busca para se sentir completo.
Com o entendimento que nossos antepassados tinham dos acontecimentos
surgiram as mitologias, ensinamentos orais, rituais na tentativa de mudar sua realidade de
alguma maneira, pessoas inspiradoras (Buda, Ghandi, Jesus), livros sagrados, e tudo isso
serviu de norte para orientar essa expressão do Ser.
Quando eu escrevo Ser, com o S maiúsculo, me refiro a Ser-no-Mundo; conceito
heideggeriano onde se é no Mundo, vivendo dialéticamente, ao invés de apenas vagando
como um Ente sem sentido, e esse sentido é encontrado através da Desein ( aquele que
dá sentido às coisas, o ente dos entes).
No movimento iluminista a razão tomou conta do foco dos estudos, o homem passou
a ser o “centro do universo”, o único ser com inteligência e a ciência se afastou da
religião.
Com o movimento new age (nova era) espiritualista e o surgimento de comunidades
terapêuticas as pessoas tem buscado diversas opções além das religiões tradicionais
como orientação. O perigo mora quando nos deparamos com os tais “falsos profetas” que
cometem os mais diversos crimes em “nome da fé”. Muitas pessoas são manipuladas por
tais lideres pelo medo, mas também pelo charme e poder de comunicação que tais
apresentam.
Comunidades tóxicas buscam seguidores que não questionam, criam narrativas que
afastam da sociedade geral (geralmente com ideais megalomaníacos).
É importante, portanto, prestar atenção também no ambiente frequentado, se há
características de seita, se é um grupo de estudos espirituais, uma ordem, uma religião e
até mesmo práticas solitárias. É importante que o bem estar seja o movimentador da
busca pessoal de cada um.
Porém, dentro mesmo desse movimento há os que vão contra essa alienação
religiosa, onde a base não é uma pessoa com conhecimento messiânico, mas a
experiência de Sentido pessoal, usando métodos como meditação, aromaterapia e
relaxamento.
Acaba sendo importante também o questionamento pessoal: isso serve para mim?
Eu realmente vejo Sentido nisso (com relação a sentir também)? Me sinto feliz ou
obrigado(a)? Estou me sentindo invadido ao invés de encontrando meu próprio Eu? Esses
questionamentos nos ajudam também a não cair nas armadilhas da imposição de
crenças.
O Ser humano não é estático, parado, rígido, nós estamos em constante mudança
pelas nossas experiências e pelo próprio viver. Portanto, não basta apenas vagar por aí,
seja!
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